Segunda-feira, 11 de Outubro de 2004
Hoje li
E reli
Tuas letras tuas cartas
...E receios!
Li-as todas ou quase todas!
Sofri contigo
...E chorei!
Encontrei lá pelo meio
Das frases entrecortadas
Tanto do meu sofrimento
Que nada me fêz contêr!
E dei-me a este sofrer...
São cartas belas distintas
Compostas de queixa
De dôr!
E com tons diferentes
Tu pintas
Essas lindas cartas
De amor!
Em mim elas ficam gravadas
E sinto em cada letra escrita
O teu sentir e o meu
A tua e a minha desdita!
Li e reli
Contigo vivi
Angústias comuns
Receios iguais!
Contigo sofri
Quero crer sempre em ti
...E não choremos jamais!
João Miranda
(A uma grande amiga que já partiu deste mundo)
Quinta-feira, 7 de Outubro de 2004
Deixai repousar como crianças
Estes sonhos e pequenas aflições
Que compõem o meu quotidiano.
Deixai respirar o meu tormento
De amores impossíveis e o lamento
De desejos banais, banais mas impossíveis.
Deixai-os esquecer porque sofro e
Deixai dormir o meu sangue
Da viagem e destino percorrido.
Deixai-me na hora da dor
Porque quero estar sózinho
Na hora do gozo
Porque ainda estou sózinho
Na hora da morte
Porque estarei sózinho.
Mas tu não estarás sózinho
Em todas as coisas importantes
Tu não ficarás sózinho
Em todas as consequências e
Qualquer que seja o seu peso
A carga será tua porque de facto
Ninguém te vai ajudar!
João Miranda
Quarta-feira, 6 de Outubro de 2004
Noite escura,
Algures sózinho e perdido
Procuro que se mistura
Com a vida que tenho vivido!...
Olho o céu,
Já vejo o firmamento
E em mim
O meu eu
É um grito de lamento!...
Noite escura,
Algures sózinho e perdido
Com a escuridão da noite,
Ando à procura.
Noite escura
Porque és assim?
Não me tornes a vida dura
Tem dó de mim?
Envolto na escuridão
Houve algo que me abraçou
Houve algo que me conquistou!...
E agora...
Silêncio apenas sou!
Encontrei o que desejava
Graças para a noite escura
E graças para a vida dura.
Olho o céu
Já vejo o firmamento
E em mim,
O meu eu
Já não é um grito de lamento
Mas sim...
Um vivo sofrimento!...
João Miranda
Já passaram verdes anos
Já se colheram os frutos
Maduros...
Já lá vão os grandes sonhos
E os erros inocentes
Cristalinos...
Como os sons que a tua mão
Procura dedilhar
Na forma de um coração
No fundo da nossa alma
Ora solta as asas
Ora as amarra
Com essas cordas
Que só podem ser
De uma guitarra
Tão hábil na saudade
Que só pode ser Portuguesa...
João Miranda
Julho-2004
(Para o Génio da guitarra por muitos esquecido)
Segunda-feira, 4 de Outubro de 2004
Eu só vejo que esse amor
Esse que mandava em mim
Só tráz mágoa
Só tráz dor
E leva-me ao mar sem fim
Não quero mais tanto amor
Tanta mágoa a devorar-me assim
Só quero quem dê valor´
À minha ternura de querubim!
João Miranda
Domingo, 3 de Outubro de 2004
Como posso ser indulgente
Com a tua insipiente lucidez
Se a brutalidade te devora
Na agonia paralítica
Da tua farta estupidez!
De que me serve falar
Da tua afeição animalesca
Quando dos humanos te abstens?
Só a imponência janota disfarça
A inócua ribalta da tua farsa.
De que me serve falar
Do egoísmo que alimenta
Tua vaidade lírica e presunçosa?
Na verdade ela é defeituosa
Dos complexos que te atormenta.
De que me serve falar
Da avareza das tuas palavras
Se elas são écos perdidos
Na imensidão do mundo que não é teu?
Pretenso latifundiário que não lavra
Campos férteis de um judeu.
De que me serve falar
Do obscurantismo do teu palavreado
Quando afrontas crianças?
Talvez para cobrares a juro dobrado
O defraude das tuas lembranças.
De que me serve falar
Da tua ignorância mascarada
Nos vocábulos pretenciosos
Em que te queres doutorar?
Albarda do cio postura
Gravatal e falseada.
De que me serve falar
Da tua posição social (não conseguida)
Se dela te serves de coroa
No teu reino de razão prostituida
Quando verborreias à tôa.
De que me ser falar então?
O teu regresso ao espermatzóide
Que fecundou o desgraçado óvulo
De tua Mãe
Seria a solução!
João Miranda