Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2005
Paladino da cultura
Ao teatro deu alento
Esta tripeira figura
Das letras é monumento.
Foi um "brado de Mindelo"
E setembrista afamado
Fundou teatro modelo
Dona Maria chamado.
"Viagens Na Minha Terra"
É paleta multicolor
Anjo do amor e da guerra
É estafeta de fina flor.
Com "Dona Branca" e "Camões"
Inaugura o romantismo
Teus escritos são lições
De um invulgar portuguesismo.
João Miranda
11-11-2004
Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2005
Muitas vezes desfolhei
Um livro que eu comprei
Já velho mas bem tratado
Com folhas amareladas
E em letras bem gravadas
Tinha o nome de "Fado".
Li nele a verdade
O fado não tem idade
Não é velho nem menino
Tem alma e sentimento
É amor ou sofrimento
É a força do destino.
Temos fado todos nós
Não é preciso ter voz
Nem mesmo saber cantar
É fatalismo ou sorte
Que palpita muito forte
E ninguém pode mudar.
Quem canta tem o condão
De sentir no coração
Toda a magia do fado
Conheço o seu segredo
Agora eu sinto o medo
Do destino malfadado.
João Miranda
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005
Gaivota morta
Envolta em sangue
Jaz no chão
A tua vida findou.
Foi o temporal!
Ou um automovel
Que te atropelou?
Triste desventura
O poeta pensou
Pelas asas lhe pegou
E no jardim entre as flores
Em terra negra a enterrou
E exclamou
Ó mensagueira dos mares
Eu te venero nesta hora
E teu idólatra serei
Sempre sempre
Pela vida fora....
João Miranda
Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2005
Mar meu...
Mar imenso
Mar profundo
És o senhor do mundo
Altivo sublime e sedutor.
A beleza deslumbrante
És um admastor fascinante
Impotente e assustador.
Quando estás adormecido
Nunca perdes o sentido
Da tua autoridade
És severo e inconstante
E revelas a cada instante
A tua agressividade.
Levas tudo à tua frente
E matas cobardemente
De nada te compadeces
Na tua grandiosidade
Escondes tanta crueldade
Com os humanos te pareces.
Os poderosos deste mundo
São como o mar profundo
No prazer de dominar
Escravizam a humanidade
Com tirania e crueldade
São mais falsos de que este mar...
João Miranda
Mar meu...
Mar imenso
Mar profundo
És o senhor do mundo
Altivo sublime e sedutor.
A beleza deslumbrante
És um admastor fascinante
Impotente e assustador.
Quando estás adormecido
Nunca perdes o sentido
Da tua autoridade
És severo e inconstante
E revelas a cada instante
A tua agressividade.
Levas tudo à tua frente
E matas cobardemente
De nada te compadeces
Na tua grandiosidade
Escondes tanta crueldade
Com os humanos te pareces.
Os poderosos deste mundo
São como o mar profundo
No prazer de dominar
Escravizam a humanidade
Com tirania e crueldade
São mais falsos de que este mar...
João Miranda
Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2005
O sol acaricia a natureza
Lentamente o renascer das cinzas.
Do inverno restou apenas
A erva queimada
E o tronco nu
Da árvore tosca
E sem qualquer ninho.
A vida já gasta
Nada e ninguém renova
Nem a pele enrugada
Nem o olhar sem um brilhozinho
Não volta mais a leveza
Breve de um pular
De gato de ramo em ramo.
O tempo é implacável
Reserva-se à natureza
Esse mistério fantástico
Da renovação.
Resta-nos sómente
Dia a dia ano a ano
Não contemplar o espelho
E ver passar a brisa
Arrastando os pés
Como folhas secas pelo chão.
João Miranda
Segunda-feira, 3 de Janeiro de 2005
Somos a voz da madrugada
Somos ás vezes a voz parda
Somos a voz dos oprimidos
Somos a voz dos esquecidos.
Somos a voz dos explorados
Humilhados e exaltados
Somos a voz dos doentes
E a viz dos deficientes.
Somos a voz da razão
E a voz do coração
Somos a voz da consciência
E a voz da prudência.
Somos a aurora
Por este mundo fora
Somos uma resta de luz.
João Miranda