Segunda-feira, 13 de Dezembro de 2004
Esta noite andei por aí
Caminhando na cidade
E vi...
Os grafitti duma revolução descarnada
Dos que não pensam
Porque lhes roubaram primeiro o tempo
Depois o equilibrio
Do desassossego do sonho.
Das prostitutas que se mirram
Por causa de um chulo
E a quem o desespero chega
Por não poderem aconchegar
Os que nascem e os que não nascem.
Esta noite andei por aí
E vi...
Os que sofrem na ainda espera
Que o branco igual dos cabelos
Mostre igual a cor da pele.
Dos que são humanos
E a todos odeiam
Porque não os deixam ser humanos.
Dos que vivem do egoísmo
Para sobreviverem.
Esta noite andei por aí
E vi...
Os que dormem em caixas de cartão
E ás vezes nem a idade sabem.
As mulheres caladas - sofridas
Do álcool da vitória e da derrota
Os meninos que calçam
De ouro os filhos dos patrões
Que os exploram
Os que pedem a moedinha
Para a droga.
Esta noite andei por aí!
João Miranda