Segunda-feira, 30 de Agosto de 2004
Entre 01 de Setembro e 16 de Setembro, irei estar ausente, uma vez que estarei de férias que penso merecidas.
Espero poder continuar após este periodo com as vossas visitas e comentários ao meu blog.
João Miranda
Domingo, 29 de Agosto de 2004
Vivo porque nasci
Porque minha mãe,
Me deu ao mundo.
Vivo porque amo
Porque sofro
Vivo sonhando
E sonhando sofro
E sofrendo vivo.
Liberto-me do pensamento
Que seria melhor não ter nascido,
Para viver entre a guerra
O, ódio
E a miséria do pensamento
Porque vivo?
Seria melhor morrer!
Desaparecer!!!
Fugir!
Ou gritar bem alto,
O que as minhas mãos procuram alcançar!!!
Onde...
A algria de viver!...
Viver!
Doce ilusão
Que me resta de um mundo
Que não presta!
João Miranda
22-Março-1983
Sexta-feira, 27 de Agosto de 2004
Espero com os meus sólidos desejos
Nascidos num dia
Em que a esperança se apagara...
Espero no calor
De todas as manhãs
Cobertas de flores de dias
E frutos de pores-de-sol,
Relembrando a alegria
E o teu rosto ausente!
Espero
Sobre a pista de todos os dias
Que as minhas mãos vazias
Sejam cheias
Pela soma um a um
Dos dias.
Espero...
Que esperando serei forte!
E nessa espera
Guardo na retina
A imagem silenciosamente,
Esboço dia a dia
Em cada hora que passa
E que nada consegue apagar!
João Miranda
A composição duma quadra
Ou dum soneto
Não tem pulmões apenas na rima!
O sentir da vida
A experiência realiza
O ideal concerto
São a espada com que o poeta
Melhor esgrima.
O poema
Não usa de falsa modéstia
Sobe sempre pela força da razão
Denuncia o mal
Procura cura para a moléstia!
O poema
Evade-se até pelas grades duma prisão.
Muitos poemas fazem uma obra
Não são apenas palavras
O poeta é um arquicteto
Que a ninguém cobra
Porque a alma não se vende!
Esculpido vai a beleza com que lavras
Ninguém escreverá poesia
Se não cursar a universidade da vida!
É sentir alegria na tristeza
E a tristeza duma alegria
É profundamente sentir sem se render
Na lida.
O poeta é uma espécie viandante
A alma e o corpo de vagabundo
Que viaja cavalgando
A alma de mareante!
Que não pede mas sente
As esmolas do mundo
É um vagabundo diferente
Que gosta de comer o pão suado
Gostar profundo de cantar a nossa gente
Na alegria ou na tristeza
Dum coração revoltado!
A poesia será sempre uma arte
Predestinada ao amor pela razão
Recitada e cantada por toda a parte
Mas só entendida pelos que tem coração.
João Miranda
Quinta-feira, 26 de Agosto de 2004
Onde
O carinho
Navega
No lago
Calmo
E limpído
Dos teus olhos!
Livres
A todas
As viagens
Desta agitação
Que nos comove
Bem no fundo
Da respiração
Enquanto planta
Vendavais
De vermelhão
No desfiladeiro
Da morte
E nos forsa
A ver
O vigor
Dos longos
Encontros
Dos amantes
Adentro
Do paladar
Aspero e doce
Da solidão
Cujo rodear
Nos priva
Por vezes
De lágrimas
Acessas
No ventre
Das madrugadas
Quando já
Não é possível
Reacender
A esperança
É que eu
Sonho
Para lá do peso
De todas as cinzas
A necessidade
Descoberta
Das estradas
Da paixão.
João Miranda
Quarta-feira, 25 de Agosto de 2004
Muitas horas que perdi
Pouco tempo que vivi
De imediato a ternura
De quem acha o que procura
E o que procura não acha
Olhar de largura
Paz te dei
Momentos de ternura
Tempo com amor
É como viver e não saber
Chorar e não crer
Morrer e não pedir
Mas é só mais um dia
Ao que eu não queria
Porque escrever não sabia.
João Miranda
Terça-feira, 24 de Agosto de 2004
Minha alma é soneto embriagado de amor
E saciada de rubor, roseira em agitação
Agora que o meu corpo é meigo
Agora que todo eu sou lezíria em flor...
Os meus olhos são esmeraldas afogadas
Debaixo de finas rendas de ametista
De onde a minha alma de homem avista
Há rendas de júbilo no meu leito
Como se de brocados o amor fosse feito
Ama-me estonteadamente põe-me louco!!
Brilham ao longe velas e mastros
Beijos teus subindo ao alto como astros
Ao rubro poente da minha boca!
Esta bela miragem!!!
João Miranda
Segunda-feira, 23 de Agosto de 2004
O poeta sou eu!
O poeta morreu
Uma folha caiu
O vento a varreu
A levou
Dando voltas e voltas
Se fundiu no horizonte...
Rolou caiu
Do cimo do monte!
Entre as nuvens
O sol espreitou...
E num adeus
Que parecia banal
Se acomodou...
Sentou-se no rebordo
Da poltrona imaginária
Incapaz d'outro sinal
E cumpriu assim
A sua tarefa diária...
Dormiu!
Parecia dormir...
Porque o poeta sorriu
E descobriu
Que o sono era a morte
Era o fim duma sorte
Que do cimo do monte
Caiu!
João Miranda
(1997)
Sexta-feira, 20 de Agosto de 2004
És verdade
E sonho que me atraí...
És calor que me esquenta
No esquecimento dos que te esqueçem.
És o perfume que me encanta
Como um doce encanto.
És o granito cristalino
Como o orvalho da manhã.
És a minha paixão
Com a incerteza da tua certeza.
És o caminho
Na longa estrada da minha vida.
És um cravo no romper
De cada madrugada.
És a lágrima
Que caí do meu rosto.
És a razão da minha tristeza
A luz da minha escuridão.
Tu és aquele para quem eu volto
O meu olhar o meu sorriso
E a minha dor.
És aquele na qual o meu coração suspira
Minha alma estremece
E as minhas pernas fraquejam.
És a semente da minha alegria
O segredo da minha esperança
O sentido do meu ser
Por isso meu Porto
Não te deixes morrer.
João Miranda
Janeiro-1998
(Dedicado á minha cidade Porto)
Quinta-feira, 19 de Agosto de 2004
Apeteces-me por entre olhares profundos
O teu corpo é o prazer que suponho
E já sinto estremecer, possuído
Os meus dedos delineando a nudez insinuada
E cavando na tua pele
As carícias procuradas
Ambicionarei muito mais - logo!
Flutuo inseguro nas margens
Mas...convicto de um calor repartido
Anseio-te
De peito ferido e ternas vistas
Anseio-te
E já me sinto teu
Como sempre te tivesse pertencido.
Quero-te minha amor assim
Tão minha
Toma lá uma rosa, dou-te tudo
Mas deixa-me continuar com a cor
Dos teus olhos.
Essa transparência que me ilumina!
João Miranda