Terça-feira, 29 de Março de 2005
O amor adormecido
Dentro do meu coração
É como o sol escondido
Numa nuvem cinzenta de verão.
As mágoas estão sufocadas
Numa máscara de alegria
As lágrimas são libertadas
Na esperança de um novo dia.
João Miranda
Segunda-feira, 28 de Março de 2005
No outono da minha vida
Tua ausência é mais sentida
É mais triste a solidão.
Vou vivendo sem coragem
E sem ver a tua imagem
Sofre mais meu coração.
Vagueio no pensamento
Procuro-te para lá do vento
No outro lado da lua
Estou cansado de sofrer
E na ânsia de te ver
A minha alma flutua.
Quando o tempo se calar
E o corpo não acordar
Do sonho longo e profundo
Eu sei que vou encontrar-te
E novamente abraçar-te
No azul que cobre o mundo.
João Miranda
(Ao meu Pai que partiu para a grande viagem em Fevereiro)
Quarta-feira, 23 de Março de 2005
Dia após dia
Trabalho a palavra
Lapido-a como um diamante
Burilando o tema.
Pela inspiração
Que me foi concedida
Nasce o poema.
E assim
Se reflecte o meu prazer
Sinto-me mais dócil
Menos amargo
Porque a palavra
Se tornou poesia...
João Miranda
Segunda-feira, 21 de Março de 2005
Com minhas mãos de menino
Entregue nas mãos do destino
Meus sonhos e minha vida
E com as mãos cheias de nada
Iniciei a caminhada
Sem chegada e sem partida.
Com minhas mãos de criança
Procurei a minha esperança
Bem longe da felicidade
Nas mãos da pouca sorte
Naveguei sem rumo ou norte
Ao sabor da minha idade.
Com as minhas mãos na juventude
Quando a quimera nos ilude
Desviei o meu caminho
Minhas mãos se amarraram
Construiram e desmancharam
Agarrei o mundo sózinho.
Com as minhas mãos abraçei o tempo
Carreguei o meu desalento
Nos ombros da mocidade
Com as minhas mãos castigadas
Despidas levantadas
Implorei a liberdade.
Com as minhas mãos destrui horizontes
Bebi em rio e fontes
Semeei searas de ilusões
Do jardim dos meus sentidos
Com frutos proibidos
Colhi em frustações.
Com minhas mãos já cansadas
Apalpei nas madrugadas
O caminho da razão
As minhas mãos profanaram
Tanto amaram e pecaram
Abraçam hoje a solidão...
João Miranda
(17-02-2001)
Domingo, 20 de Março de 2005
Pai...
Gosto muito de ti.
Lembro-me quando era pequeno
Do carinho que me davas
Quando me viste a nascer
Deite algumas alegrias
Vestiste-me do bom e do melhor
E se calhar eu sorria...
Mais tarde antes de ires trabalhar
As festinhas que me fazias
Lembro-me bem de quando era pequeno
Que à praia me levavas
Brincavas comigo na areia
E pescavamos...
E das histórias que me contavas!
Lembro-me bem de quando era pequeno
De no carro falar tanto
Tu não dizias mas pensavas
O João é um espanto!...
Pai...
De ti nunca me vou esquecer
Lembra-te que ainda hoje
Preciso de ti
Para poder viver e bem crescer!
Pai...
És para mim preferido
Gostava de te ouvir dizer
Tenho uns filhos queridos!
João Miranda
(Ao meu Pai que partiu a 16.02.2005)
Quinta-feira, 10 de Março de 2005
Na melodia das recordações
Tudo o que amo
Está naquilo que sinto
Quando toco mesmo com minhas palavras
Vindas da alma
Que por vezes parece um casulo
Enquanto vagueio na noite vazia
Vou escrevendo...
O que alguns chamam de poesia,
Eu lhe chamo sentimentos
Por muitos se revêem na minha escrita
Um pouco já lida
É este o sentimento
Que fico no meu quarto
Em que minha solidão
Proclama o direito à luz
Porque tudo é silêncio
E a vida demora
E eu asseguro-me
Que mesmo assim hei-de chamar por vós
Que me precisais de ouvir
Em minhas palavras de carinho.
Sou apenas um homem
Que saiu da noite vazia
E das incertezas do dia
E que quer o acolhimento
Como destino
Do qual voçês também fazem parte....
João Miranda
Terça-feira, 8 de Março de 2005
É para ti flor em botão
Que nasceste sem saber
Da bela união
Entre o homem e a mulher.
É para ti adolescente
Que creceste com esperança
Sonhando viver num mundo
Só de bonança.
É para ti mulher mãe
Que te dás sem canseira
Ao dia a dia da labuta
De tua vida rotineira.
Sim... É para ti Mulher
Esposa amante amiga
O nosso mundo tolerante
Que num gesto benovolente
Um dia de outros igual
O Dia Internacional...
João Miranda
(Para todas as mulheres)