Segunda-feira, 19 de Julho de 2004
Terminei a minha noite
De trabalho
No silêncio da casa adormecida!
Abri aquele caderno
E escrevi.
Não...
Não havia nada de especial
A dizer!
Apenas uma vontade enorme
De saborear um momento
Solitário
Ao fim da noite
Apenas a necessidade
De agarrar o tempo,
Os acontecimentos,
Os próprios sonhos...
De os prender nas folhas
Em branco
Dum inocente caderno
De apontamentos.
(Um pouco como quem
Tomava notas
Da própria vida).
Escrevia,
Como quem matava a fome
Pensava,
E tinha dúvidas,
Abria a mão
De sonhos velhos
E resolvia aceitar o possível
E a fundamentar minha vida
No que valia a pena...
Não!
Não escrevia
Como quem guardava coisas velhas
Numa arca.
Entre as folhas
Do meu caderno
Estavam os sorrisos dos outros,
As conversas giras
Que tinha com os amigos.
Estava um pouco
Das minhas descobertas
E um pouco de espinhos
Que me magoavam...
Era preciso,
Como um dia
Me dissera um amigo
"Dar forma a tudo isto"
Para reconhecer
Que naquelas experiências
Aprender e continuar
A aventura
Do dia seguinte...
João Miranda
15-Janeiro-1989